sexta-feira, 8 de janeiro de 2021

Mídias sociais e saúde mental

Dizem que as mídias sociais viciam mais os adolescentes do que o cigarro e o álcool.

Para avaliar o impacto das redes na saúde mental, foi realizado o inquérito epidemiológico #StatusOfMind, publicado na “United Kingdom’s Royal Society of Public Health”.

A pesquisa entrevistou 1.479 jovens de 14 a 24 anos, no Reino Unido, no período de fevereiro a maio de 2020, para avaliar o impacto de 14 itens relacionados com a saúde mental e o bem-estar.

Foram eles: 1) formas de entender as experiências de outros sobre a saúde, 2) acesso a informações de saúde confiáveis, 3) apoio emocional e  empatia de familiares e amigos, 4) ansiedade, 5) depressão, 6) sensação de solidão e infelicidade, 7) qualidade do sono, 8) capacidade de exprimir sentimentos, pensamentos ou ideias, 9) autoidentidade – habilidade para definir quem você é, 10) percepção da aparência física, 11) relacionamento com a família e os amigos, 12) relacionamento com a comunidade, 13) bullying – ameaças e comportamentos abusivos, 14) necessidade de permanecer conectado pelo medo de perder experiências importantes.

Com base nessas questões, os participantes atribuíram notas às plataformas mais populares: YouTube, Twitter, Facebook, Snapchat e Instagram.

As plataformas foram bem avaliadas nas questões referentes à autoidentidade, à autoexpressão, ao fortalecimento de laços comunitários e ao amparo emocional.

Por outro lado, os malefícios estiveram associados à qualidade do sono, ao bullying, à imagem corpórea, à necessidade de se manter conectado por medo de perder experiências vividas pelos amigos, à depressão e à ansiedade.

Os adolescentes entrevistados classificaram, em ordem decrescente de efeitos positivos, as plataformas: 1) YouTube (a mais positiva), 2) Twitter, 3) Facebook, 4) Snapchat, 5) Instagram (a mais negativa).

YouTube foi a única plataforma em que os benefícios para a saúde e o bem- estar foram considerados superiores aos malefícios. Obteve índices de aprovação mais elevados na percepção das experiências que afetam a saúde alheia, no acesso a informações de fontes confiáveis na área da saúde, na redução dos riscos de depressão e de ansiedade e na sensação de solidão.

É interessante que Snapchat e Instagram, duas plataformas centradas na imagem, tenham sido consideradas as mais nocivas. A autoimagem é um aspecto ligado a sentimentos de inadequação, depressão e de ansiedade, muito prevalentes nessa fase da vida.

O Instagram foi bem avaliado nos quesitos de autoexpressão e de autoidentidade, mas esteve associado a níveis mais elevados de ansiedade, depressão, bullying e do medo de perder oportunidades.

A Royal Society recomenda que as plataformas publiquem avisos “pop up” advertindo o usuário sobre o número de horas acessadas, que chamem a atenção quando as fotos sofreram manipulação digital para exibir corpos com aparência de perfeitos, para que desenvolvam algoritmos que ofereçam ajuda no anonimato para adolescentes em sofrimento mental.

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