quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010


Quanto vale um Ponto Comercial?

Por Silvia Rocha - Sócia da Fábio Rocha Arquitetura - Pós-Graduada em Negócios Imobiliários pela FAAP de SP, Graduada em Psicologia, diversificou seus conhecimentos com cursos nas áreas de direito, administração e marketing.

Um dos segmentos mais ati-vos no mercado imobiliário é o de compra, venda e locação de estabelecimentos comerciais, si-tuação justificada pela cultura empreendedora dos brasileiros e também pela escassez de ofer-tas no mercado de trabalho.
O ponto comercial, local onde o empresário vende seus produtos ou presta seus servi-ços, constitui-se em parte do fundo de comércio, que é o con-junto de bens corpóreos, ou seja, vitrine, maquinário, estoque, etc ou incorpóreos que são: o pon-to propriamente dito, o nome, a marca, patentes, etc, que com-põem o exercício da atividade mercantil.
Abrir um negócio é uma ta-refa relativamente fácil, porém, atrair os clientes e manter a em-presa com lucro é um grande desafio. Todos os dias, com ou sem crise econômica, observa-se novos comércios sendo aber-tos ou fechados. São inúmeros os fatores que contribuem para o sucesso ou fracasso de um em-preendimento, e sem sombra de dúvida, o plano de negócios é o primeiro passo. E a definição do ponto comercial faz parte desta etapa.
Do ponto de vista legal, é importante verificar se o alvará está regular e pesquisar se há impedimentos ao proprietário do imóvel quanto à transferência. O contrato de venda e compra ou locação, conforme o caso, deve-rá assegurar os direitos e deve-res do novo dono de forma a es-tabelecer as condições de paga-mento e exigir uma eventual tran-sição do negócio. Além disso, deve-se saber se as atividades a serem desenvolvidas no local respeitam a lei de zoneamento do município. No caso de bares, restaurantes, farmácias ou clí-nicas, por exemplo, pode ser ne-cessário um alvará da vigilância sanitária ou do corpo de bombei-ros. É importante verificar tam-bém se os impostos que recaem sobre o imóvel como o IPTU es-tão em dia. Como é a legislação municipal que trata da instalação dos anúncios, entre outras pro-vidências burocráticas são fun-damentais para dar início ao novo negócio.





Quando a Arquitetura funde-se ao Marketing

Tudo começa na identifica-ção do público-alvo. Antes de qualquer coisa, é preciso saber como se comporta o cliente, qual seu estilo de vida e, principal-mente, qual é a sua motivação e disposição para comprar.
A partir destes dados será possível identificar a localização mais adequada e se o negócio requer ponto comercial em ga-leria, shopping, rua temática ou sala comercial, bem como a me-tragem ideal e, o planejamento da reforma.
Sobre este conjunto de itens destacamos as providências que todo empreendedor deve tomar com seu negócio, novo ou em curso. Para nós, num ponto de venda é essencial que os clientes se sintam ao mesmo tempo con-fortáveis e estimulados. A at-mosfera do ambiente deve cha-mar atenção aos produtos de for-ma agradável e prazerosa.
Veja alguns itens improtantes para esta escolha:
1. Escolha do imóvel: deve levar em conta o público-alvo e o tipo de mercadoria ou serviço que serão comercializados. A loca-lização e metragem do imóvel precisam estar adequadas ao negócio.
2. Fachada: é ao mesmo tempo o cartão de visitas e o convite para a festa. A fachada é um grande elemento de identificação com o negócio e é através deste contato que o cliente decidirá pela en-trada ou não no comércio. Muitas são as alternativas para se criar uma fachada convidativa: uso de cores e revestimentos diver-sificados, elementos volumétricos e cenográficos são algumas pos-sibilidades. Mas hoje em dia existem uma série de alternativas. O ideal neste caso é contratar um bom arquiteto do ramo ou uma A-gência de Propaganda.
Um cuidado importante é consultar a legislação municipal a respeito de normas de publicidade. Em SP, por exemplo, a lei Cidade Limpa, como ficou conhecida, prevê que em imóveis com testada, linha divisória entre o imóvel e a via pública, inferior a 10 metros lineares, a área total do anúncio deverá ser de até 1,5 metro qua-drado. Imóveis com testada superior a 10 metros poderão ter a-núncios indicativos que não ultrapassem 4 metros quadrados e sua altura, a exemplo dos totens, não poderá ser superior a 5 me-tros do chão e deverá estar no lote do estabelecimento comercial.
3. Vitrine: o cliente conhecerá a mercadoria vendida a partir dela. Por isso, todo cuidado é pouco na hora de preparar a vitrine. É preciso transmitir uma clara informação a respeito do que se poderá encontrar no interior da loja, sem, no entanto, transformar o espaço num catálogo, com excesso de exposição de produtos. Neste e em todos os outros quesitos é necessário uma dose de cuidado para não pecar pelo excesso. Afinal, quando se enche a visão do cliente ele, na verdade, não enxerga nada.
4. Layout: ao entrar no ambiente, o cliente precisa perceber com facilidade onde estão expostos os produtos. Na medida do possível, as áreas de circulação devem ser fartas, de forma a permitir ao cliente que conheça outras opções, sem que ele se perca, se confunda ou se aborreça. É muito importante estar atento a even-tuais obstáculos nas áreas de entrada como provadores e caixa. O cliente precisa se sentir acolhido e não rejeitado.
A exposição de produtos deve ser bem planejada, de modo que não haja exagero quanto ao número de itens expostos. É positivo contar com uma área para estoque e retaguarda. Com criatividade consegue-se guardar a mercadoria sem perder área útil.
5. Iluminação: um bom projeto luminotécnico torna o ambiente mais produtivo, equilibra os contrastes e gera economia. Além de deixar o local agradável e aconchegante para o cliente. Pode-se in-clusive, utilizar diferentes luminárias e lâmpadas, adequadas a cada estação do ano, a cada ambiente e de acordo com as cores quentes ou frias dos produtos. A iluminação pode ser uma grande aliada na formatação do projeto, pois, ao mesmo tempo em que permite a humanização dos espaços, tem a função de destacar mercadorias. Um ambiente em penumbra é desagradável e o excesso de luz causa irritação, podendo desmotivar a compra.
6. Decoração: o uso de displays ou aparadores personalizados é uma alternativa na hora de decorar o ambiente, pois fortalece a marca. Além disso, do piso ao teto há soluções que além de funcio-nais, tornam o espaço mais bonito. Degraus, rampas, forros, sancas, nichos e balcões podem ser aproveitados como elementos decora-tivos. Quanto mais personalizado for o ambiente, maior será a pos-sibilidade de identificação com a marca e fidelização do cliente. Os materiais utilizados têm que ser compatíveis ao negócio e adequados a cada ambiente, conforme o uso.
7. O uso das cores: a escolha das cores depende muito das preferências pessoais e características do espaço. Uma boa escolha pode disfarçar problemas ou destacar pontos fortes.
Para elevar o teto, por exemplo, pinte-o com uma cor mais clara que as paredes. Se quiser alongar um ambiente quadrado, a su-gestão é que se aplique uma cor mais escura em duas paredes o-postas. Em residências o bem estar deve estar acima de qualquer modismo, já nos espaços comerciais a adequação dos ambientes à imagem corporativa deve ser a principal preocupação e as cores são largamente utilizadas em estratégias para divulgação e fideli-zação da marca e fazem total diferença no resultado final.
8. Temperatura: um sistema de refrigeração adequado é favo-rável à permanência no ambiente. Nem quente, nem frio. O cliente precisa se sentir confortável. Os modelos tipo Split são mais indi-cados, pois, é possível controlar a temperatura por ambiente. A-tenção especial deve ser dada aos provadores, pois é, geralmente, neste local que se dá a decisão pela compra.
9. Aromatização: já faz algum tempo que a aromaterapia saiu das páginas de revistas místicas e foi incorporada ao marketing como ferramenta de alavancagem de vendas e fidelização da marca. Muitas lojas já investem em aromatização de ambientes como forma de relacionamento com seus clientes. Muitos são os aromas a serem usados: lavanda, laranja, os frutais também são muito bem aceitos e outros como terra molhada, floresta, pão, entre outros, sendo pri-mordial escolher aquele que melhor identifique os produtos ven-didos e agrade o cliente, criando um vínculo com ele. Para valer-se deste recurso podem-se usar velas perfumadas, odorizadores de ambientes, sprays, entre outros.
10. Sonorização: fazer compras com uma música alta e estri-dente de fundo pode ser uma tarefa nada relaxante e pode, inclusive, causar irritaçaõ no cliente. Mesmo que o negócio seja para público jovem, é importante ter muito cuidado com a disposição das caixas acústicas, o volume do som e a escolha do repertório musical.
11. Segurança: para proteger o seu negócio todo cuidado é po-co! Câmeras de segurança permitem que de qualquer lugar do mundo se vigie os ambientes. Além disso, sensores de presença, controles de acesso e alarmes são antigos aliados. O projeto de layout precisa ser eficiente quanto ao posicionamento do caixa e estoque e também os acessos de clientes e funcionários. Este quesito é essencial a todo negócio.
Abrir e manter um negócio é um desafio para qualquer um. Independente da verba disponível para o investimento há muitos detalhes a se pensar. E nem se falou sobre o treinamento dos colaboradores, vestimentas, cordialidade no atendimento, opções para pagamento, embalagens, etc, etc, etc...
Fazer um bom nome no mercado é para poucos e persistentes empreendedores. Mas o resultado valerá a pena. Além das questões financeiras, o ponto comercial deve ser o local de realizações pessoais, um lugar onde se experimenta sentimentos positivos e recom-pensadores. Onde se faz amigos, onde se descobre coisas, onde se cresce e aparece.

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