quinta-feira, 12 de julho de 2012

A formação dos cursos de comunicação social no Brasil e sua relação com o desenvolvimento regional

Segundo Moraes, (1979) não é fácil fixar um currículo das disciplinas necessárias a formação profissional em Comunicação Social, em outros casos, o problema não se aplica na mesma complexidade, pois a especialização tem seus limites mais ou menos definidos, e o currículo, no caso, é geralmente constituído pelas disciplinas específicas e matérias afins. Já nas áreas de Comunicação Social, em certo sentido, tudo interessa. A maior dificuldade está no fato da necessidade de formação ampla, generalista, teórica e ao mesmo tempo específica e tecnicista, apontada há quatro décadas para o curso de Jornalismo, Relações Públicas, Publicidade e Propaganda, Editoração, Cinema e Radialismo. O mercado midiático, em suas diversas vertentes, exige um profissional versátil, onde as formações específicas, sozinhas, não conseguem ser auto suficientes para formar o aluno em profissional.
A formação do profissional de Comunicação se deu de forma acelerada, ora favorecendo a formação humanística ora privilegiando  a formação técnica e, nos anos atuais finalmente, tentando uma formação híbrida que dê conta da demanda do mercado e, ao mesmo tempo, que possibilite uma formação cultural sólida.
 “Os perfis específicos resultam das habilitações diferenciadas do campo da comunicação, que se caracteriza por uma abrangência sobre diferentes meios, linguagens e práticas profissionais e de pesquisa e, na atualidade, por envolver um acelerado dinamismo social e tecnológico”. (Moraes, 1979, 38).
Ainda segundo Moraes (1978), as novas diretrizes contribuíram para agilizar as necessárias reformas de muitos cursos, principalmente daqueles que estavam engessados pelo currículo mínimo, entretanto, como as avaliações estabelecidas pelo Ministério da educação para a área tinham como parâmetro esse documento de 1999, instituído a partir de uma discussão ampla entre professores de comunicação, profissionais da área e sindicatos, os limites das mudanças e autonomia dos cursos estavam claramente estabelecidos. Sabe-se que algumas escolas, no entanto, anteciparam-se ao processo e iniciaram avaliações institucionais e introduziram mudanças curriculares antes mesmo das novas diretrizes. Dá-se o exemplo, da Faculdade de Comunicação Social (FACOM), da Universidade Metodista de São Paulo, que, em 1998, sob a direção do Prof. Dr. José Marques de Melo, promoveu mudanças radicais nos currículos das diferentes habilitações: Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Rádio e TV e Relações Públicas. Sob a coordenação da Profa. Dra. Margarida Kusch e com a participação de avaliadores internos e externos, do mercado e da academia, foi realizado um amplo diagnóstico dos cursos que, mantendo suas identidades, promoveram mudanças curriculares importantes, com a teoria e a prática caminhando juntas, numa perspectiva crítica e analítica, do primeiro ao último ano.
Sabe-se que o primeiro currículo mínimo foi implantado pela Escola de Jornalismo  Cásper Líbero em 1962, apesar do fato de que o surgimento das primeiras escolas de Comunicação no Brasil se deu no final da década de 40. Desde então, inúmeras foram as tentativas de conciliar a necessária formação cultural e humanística às disciplinas técnicas indispensáveis ao exercício do profissional de Comunicação. Num primeiro momento, predominante dos anos 60, a existência do ciclo básico, com formação em dois anos, era comum a todas as habilitações, havendo, em seguida, a opção pela carreira: jornalismo, publicidade e propaganda ou relações públicas.                                                                                  
Ainda hoje, em face de interpenetração das áreas e fronteiras tênues no exercício de muitas das habilitações, terminam por buscar formações complementares em outras graduações, principalmente na área de humanas, como ciências sociais, História e Linguas. A busca da formação complementar deve ser vista como algo inevitável, em virtude da complexidade das funções exercidas no mercado de trabalho. (Moraes, 1978, 20).
Com as freqüentes reformas curriculares, muitas disciplinas de formação geral, como Política, História, Economia, Sociologia, Filosofia e Linguas, transitaram entre as reformas de currículos, entrando e saindo dos requisitos básicos que são fundamentais para a formação geral do profissional da Comunicação, qualquer que seja a habilitação escolhida, assim como as disciplinas técnicas, específicas, e mesmo nas técnicas, observa-se, também, o cruzamento das habilitações.
Pode-se observar que as ofertas de novos cursos na área de comunicação são uma constante, a cada vestibular. O fascínio que a área exerce nos jovens, pelo Glamour dos profissionais e atuações estratégicas nas empresas, fez com que empresários do ensino particular ampliassem o leque dos cursos oferecidos, sendo os de Publicidade e Propaganda e Jornalismo os mais procurados, superando, muitas vezes, a relação candidato-vaga que as escolas públicas.
A área de Comunicação Social teve um crescimento lento, desde seu surgimento, em nível superior, a partir de Decreto Lei n 5.480, de 13 de maio de 1943, constatado pela ABEPEC (Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Comunicação) e um crescimento exponencial, registrado com o surgimento de inúmeras escolas particulares. Incentivados pelo próprio Ministério da Educação, os empresários do ensino privado mudaram a história e trajetória dos cursos de Comunicação Social no Brasil.
“ Nos primeiros vinte e cinco anos, o crescimento dos cursos foi pequeno, tendo sido instaladas poucas escolas. Na década de 60, principalmente a partir de 1968, o crescimento se acelera. Até 1968, o número de cursos em funcionamento era de 20. Em 1972, esse número eleva-se a 46. Os cursos encontram-se concentrado nas regiões de São Paulo, Estado do Rio e Minas Gerais. Com exceção de 7 Estados, todos os outros possuem cursos de Comunicação Social, oferecendo, na sua maioria, duas ou mais habilitações. Segundo levantamento feito pela ABEPEC existiram no País, em 1979, 56 cursos. (Marques de melo, Fadul e Lins e Silva, 1979, p.75)
A citação acima comprova a influência dos cursos de Comunicação Social, principalmente o de Publicidade e Propaganda, como fomentadores da economia regional, ofertando emprego a diversos profissionais das áreas já comentadas acima como história, geografia, línguas e outras, que começaram a lecionar e a formar os verdadeiros profissionais de Comunicação, profissionais estes que serão fundadores de agências de publicidade, grande segmento impulsionador da economia regional.
Em 1994 de acordo com SOARES (2000),  o catálogo do MEC indicava a existência de 85 instituições. EM 2002, segundo pesquisa realizada pela Equipe da Cátadra Unesco da Universidade Metodista de São Paulo, sob a coordenação dos professores Marques de Melo e Maria Cristina Gobbi, os números impressionam pelo crescimento exponencial verificado na área de Comunicação Social. O levantamento tem como referência a oferta de cursos para o Vestibular de 2001 no Guia Abril de Estudante de 2002.
A relação de ofertas de vagas em Cursos de Comunicação Social distribuídos em escolas públicas e particulares, tendo como data-base o ano de 2001, aponta que o número de cursos de Comunicação Social chega a 525 e que estão assim distribuídos: Publicidade, Propaganda e Marketing: 212; Jornalismo: 182; Relações Públicas: 72; Rádio e TV: 41; Produção Editorial: 9; Cinema e Vídeo: 6; Produção Cultural: 2 e Fotografia: 1.
Os dados do levantamento feito pela ABEPEC desde 1968, associados aos da Cátedra Unesco da UMESP, em 2001, registram o crescimento exponencial dos  cursos, em curva crescente, principalmente de 1994 a 2001, quando se verifica um salto muito importante, dos 85 cursos existentes à época , para os atuais 525.
A concentração maciça dos cursos de Comunicação Social na região Sul (61%) e Sudeste (19%), totalizando 80% dos cursos, não é menos surpreendente, considerando-se a alta densidade populacional dessas regiões, assim como a do parque industrial e a da própria indústria cultural, que naturalmente absorvem esses profissionais.
Não por acaso, também, as regiões Nordeste (11%), centro Oeste (7%) e Norte (2%) concentram o menor número de cursos de Comunicação Social, embora se observe, atualmente, uma tendência de demanda saudável de cursos nessas regiões.
Como demonstrado acima, é acelerado o crescimento dos cursos de Comunicação Social a partir de 1994, fortemente localizado nas regiões Sul e Sudeste do País. Acentuando-se na década de 90.
Esta expansão desenfreada é, porém, legitimada pelos avaliadores do MEC, professores de Comunicação que, em visita às instituições, analisam e acolhem projetos de implantação de novos cursos nas diferentes habilitações.
Habilitações que praticamente duplicaram as ofertas de cursos e concentram-se, principalmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Distrito Federal. O curso mais procurado é o de Publicidade e Propaganda, que passou de 104, em 1998, para 212, em 2001, um crescimento de mais de 100%.
De acordo com Graça Caldas (2000) a necessária integração da teoria e prática nos cursos de Comunicação Social passa pelo equilíbrio na oferta de disciplinas do primeiro ao último ano. Algumas escolas têm conseguido êxito em experiências de trabalho integrados, reunindo o conhecimento teórico e prático. Essa parece ser a melhor opção para que o aluno perceba, desde o primeiro semestre do curso, que nenhuma das habilitações pode ser desenvolvida sem disciplinas de formação geral e exercícios práticos. Todas as habilitações, cada vez mais, procuram aliar a discussão teórica e práticas, sejam eles veículos de comunicação, sejam em diferentes suportes e modalidades, como acontece na Publicidade, na elaboração de campanhas, folders e produtos para clientes.
O que as experiências recentes têm demonstrado é que teoria e prática podem e devem caminhar juntas, seja em trabalhos de disciplinas, sejam em projetos de conclusão de curso, os TCC. Paralelamente, a criação de agências experimentais nas diferentes habilitações e o retorno desejável do estágio acadêmico monitorado nas empresas são práticas complementares que auxiliam o estudante a aprender técnicas e conceitos, e a formar uma visão crítica de sua área.
Outra mudança que pode se considerar de grande importância vem ocorrendo com a integração crescente e necessária com os Programas de Pós Graduação, ou a criação de Núcleos de Pesquisa na própria Graduação. Pesquisas podem e devem ser desenvolvidas por alunos e professores de graduação com alunos e professores de pós graduação. Trata-se de profissionalizar cada vez mais os cursos de graduação naquilo que a técnica e a formação geral têm de melhor e utilizar a pesquisa para refletir sobre a prática, para ampliar  a formação e garantir um exercício mais ético e crítico da profissão.
Com as exigências da educação continuada que demanda esta área de atuação, a saída para a formação mais ampla, pode estar na introdução do mestrado profissional. Essa nova modalidade vem sendo estimulada pela CAPES. Sem causar prejuízo ao modelo acadêmico tradicional, a introdução do mestrado profissional nas diferentes áreas de Comunicação poderá, finalmente, representar a possibilidade de aprofundar os conhecimentos teóricos e a reflexão necessária sobre as práticas de cada área por meio da pesquisa direcionada ao mercado. Dessa forma sem abrir mão da graduação específica ou do mestrado acadêmico, indispensável para a formação de pesquisadores e docentes, a área de comunicação poderá manter as exigências da formação específica, na graduação, em suas diferentes habilitações.
É inegável reconhecer que o desenvolvimento tecnológico dos meios e a estrutura industrial do processo de produção do conhecimento (da informação) mudaram radicalmente a maneira como construir a informação. Numa sociedade da informação e do conhecimento, em que os meios de comunicação atuam diretamente na formação da opinião pública, o uso ético e competente da informação, exige profissionais da Comunicação comprometidos com o bem estar social.
O ensino de Publicidade no Brasil data de 1951, depois da realização do I Salão Nacional de Propaganda, realizado no Museu de Arte Modera de São Paulo, no ano anterior. Naquela ocasião,  “O anteprojeto da Escola foi elaborado por Rodolfo Lima Martensen e aprovado em 27 de outubro de 1951, pelo presidente do MASP, Pietro Maria Bardi. Logo em 1955, conquistou sua autonomia e passou a se denominar Escola de Propaganda de São Paulo, embora não se constituindo ainda em uma instituição de ensino superior, o que vai acontecer somente em 1978, com o reconhecimento de então Escola Superior de Propaganda e Marketing pelo conselho Federal de Educação” (PINHO, 1995,38)
Pode-se dizer que no ano de 2002, já existiam no Brasil pelo menos 300 escolas de Comunicação, das quais 153 oferecem o curso de Publicidade e Propaganda, como uma das suas habilitações. Segundo informações obtidas no Guia do Estudante de 2002, da Editora Abril, dos cursos de publicidade acima citados, 32 são oferecidos somente na cidade de São Paulo, tendo portanto 104 cursos, ou 67,9% de todo ensino de publicidade no país. O Rio de Janeiro, com 21 cursos, Minas Gerais com 19 cursos e o Paraná, com 12 cursos, representam os Estados que apresentam maiores demandas para o ensino.
E cidades como Rio de Janeiro, com 12 cursos, Curitiba, com 8 cursos de publicidade, Brasília, com 6 cursos e Belo Horizonte com 5 cursos, despontam como centros de grande interesse para o ensino, sendo superadas apenas pela cidade de São Paulo.
Ao lado de áreas como o jornalismo e o radialismo, o campo cresceu imensamente nos últimos anos, e os rankings, para os alunos que prestam exames vestibulares em universidades públicas e particulares, colocam-nas como as de maior interesse, superando concorrentes tradicionais, como a medicina, o direito e as engenharias. Nas Universidades públicas e pesquisadas pelo Guia do Estudante de 2002, a relação candidato/vaga confirma esta afirmação, quando observamos, por exemplo, os indicativos que seguem:
Freqüentam as escolas de Comunicação cerca de 60.000 estudantes, e nelas ministram aulas perto de 2.000 docentes.
A INTERCOM, ao propor uma discussão sobre o ensino, resgata suas próprias tradições de contribuir para pensar e repensar constantemente a questão do ensino no campo de atuação que vem construindo ao longo dos seus 25 anos de história, como entidade que agrega pesquisadores de todo o País.
Mais recentemente, a temática do ensino de publicidade ultrapassou as fronteiras nacionais e transformou-se em discussão num dos congressos realizados pela ALAIC, Associación Latinoamericana de Investigadores de La Comunicación em 1998, realizado em Caracas/Venezuela.
Em outras oportunidades em espaços de reflexão em livros, congressos e seminários, o ensino de publicidade e propaganda tem sido alvo de ponderação por parte de diversos autores, cujas contribuições vão desde o ensino de propaganda política (QUEIROZ, 1998), passando pelos projetos experimentais em publicidade (TARGINO e MAGALHÂES, 1993), e pesquisa sobre publicidade (JACKS, 2002).
Conforme Peruzzo e Silva (2003) existe um livro em que foram desenvolvidas pesquisas para identificar as tendências dos projetos experimentais nas escolas de comunicação, incluindo-se ai a publicidade e a propaganda, Targino e Magalhães, autores deste livro, fizeram uma crítica contundente aos projetos experimentais na área, mostrando que naquela ocasião não existiam laboratórios que viabilizassem as práticas. Criticaram o uso indevido de conceitos sem referências bibliográficas aos autores originais e admitiram uma certa negligência na orientação metodológica dos projetos de parte dos professores. Passados onze anos da publicação desse livro, certamente o panorama existente hoje é diferente, mais complexo, e os projetos experimentais de publicidade tem experimentado avaliações públicas em vários fóruns, como o FEST-UP, Festival Universitário da Propaganda, promovido pela Associação dos Profissionais de Propaganda em São Paulo, a EXPOCOM promovida pela INTERCOM, entre outros, como semanas de estudo específicos das instituições, avaliações de projetos experimentais e congressos de iniciação científica.
O grande desenvolvimento do ensino de publicidade e propaganda no Brasil deve-se especialmente às novas políticas governamentais implementadas no período de governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1995/2002, que desencadearam duas frentes importantes para repensar o ensino universitário. De um lado, deflagaram um grande debate nacional com a implementação de sistemas de avaliação, e, de outro, ampliaram significativamente o ensino privado.
Com esta perspectiva, cresceu o empenho do MEC em avaliar periodicamente as instituições de ensino, na medida em que a liberalização do sistema criou novas opções e deu maior liberdade para a construção de projetos pedagógicos diferenciados, uns respeitando características e particularidades regionais, outros avançando na compreensão de sistemas mais complexos de comunicação, e também aqueles sobre determinados paradigmas clássicos, outros, ainda, posicionando-se preocupados com as necessidades mais imediatas dos seus mercados profissionais.
Existem situações onde praticamente há uma grande liberdade de organização do sistema de ensino superior, e o mercado se encarrega de selecionar quais são os cursos respeitados e quais são aqueles que não têm nenhuma respeitabilidade. “Isto é possível e desejável até como forma diferente da nossa”. (D´AVILA, 1996,53).
Ainda segundo D´Avila (1996) durante o primeiro encontro de Comunicação Social da Universidade Gama Filho / RJ, o I Gamacom, o professor e publicitário Lula Vieira, no artigo “A propaganda do ano 2000”, discutiu o impacto da internet, não só entre os usuários, mas especialmente entre os empresários que, sob novo ritmo e velocidade das informações, passaram a repensar suas estratégias de comunicação com a sociedade. Vieira argumentava, entre outras questões, que não faria bem a uma Nestlé, ou outra empresa qualquer, que anunciasse seus produtos no Brasil, ter, por exemplo, uma informação veiculada pela internet de que, em determinada fábrica sua, tinha havido algum problema que prejudicasse o meio-ambiente.  A sociedade mais exigente e melhor informada, certamente repudiaria a agressão, e isso, sintomaticamente diminuiria o consumo dos seus produtos. Vieira mostrava-se igualmente feliz com o sucesso da presença dos jovens estudantes de publicidade no mercado, afirmando que “uma outra coisa impressionante é perceber que as lendas antigas estão caindo por terra. A idéia de que as faculdades não formam gente boa está absolutamente desmentida. Eles estão entregando às agências jovens da mais absoluta qualidade de vida e informação, com um traço maravilhoso: o interesse pela profissão. O pessoal mais jovem possui um padrão de trabalho e de ética realmente comovedor”. E finaliza suas afirmações mostrando que “a propaganda do ano 2000 é a que esses jovens estão fazendo e um dia irão contar como estarão fazendo. São eles que irão liderar a nossa produção daqui a dez anos. As oportunidades estão aí para quem  quiser pensar o novo, para quem não quiser ter o ranço do passado. Tudo o que a gente aprendeu já não adianta mais nada, tudo o que a gente já sabia não podia funcionar: As nossas piadas já estão amargas, a nossa maneira de tratar a mulher, o negro, a criança, o pobre, o rico, já caiu de moda. A nossa maneira de fazer música já nem sempre é a que todo mundo está gostando.”
Coordenadores de curso, professores, estudantes e funcionários, contribuíram com projetos pedagógicos em implantação e/ou desenvolvimento. Com isso, o curso de Publicidade e Propaganda da UMESP passou a ter outro perfil, especialmente originário de críticas dos seus corpos docente e discente e de uma comissão de especialistas contratada para sugerir modificações na grade curricular e na estrutura. Como resultado, o curso de Publicidade da UMESP adquiriu um tom muito mais identificado com as questões de pesquisa e mercado.
Com isso, os cursos procuraram mesclar disciplinas teóricas e práticas desde os primeiros semestres, para conseguir motivar os seus alunos sobre ambas as dimensões como a inclusão de um curso de fotografia publicitária nos primeiros semestres, com intuito de despertar aspectos criativos e motivacionais nos estudantes, a substituição do curso de História do Brasil por História da Propaganda no Brasil, e a implementação de um curso de Métodos e Técnicas de Pesquisa desde o primeiro semestre, para incentivar a iniciação científica no nosso campo desde os primeiros semestres do curso.
Cabe ressaltar que muitos com certa prática, depois de formados são absorvidos por empresas públicas ou privadas, ONGs, sindicatos, associados de classe, entre outras, para atuarem especificamente neste segmento publicitário. A experiência da Escola Superior de Propaganda e Marketing, no Rio de Janeiro, reveste-se de êxito, do ponto de vista do ensino e das práticas extensionistas, a partir da viabilização de parcerias com veículos de comunicação e agências que possibilitam aos estudantes uma aproximação interessante com o mercado de trabalho real. Já a UNIVALE, de Governador Valadares, montou um projeto ousado de implementação da publicidade num centro extremamente carente de informações e de profissionais habilitados para o exercício da profissão, e, num curto espaço de tempo, conseguiu envolver um grande número de profissionais e estudantes que ao longo dos primeiros quatro anos do curso, causaram uma saudável revolução nas praticas do mercado local e regional, com reflexos nítidos na constituição de novas agências e na prestação de serviços mais valorosos para as televisões locais, o rádio, a publicidade em impressos, a comunicação publicitária on line e um apreço especial pelas práticas de pesquisa no campo. (TARGINO e MAGALHÃES, 1993).

Flávia Chaves Valentim, Elvira Araújo

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